segunda-feira, 7 de julho de 2008

DESISTO DE DESISTIR... (e outras desistências)

DESISTO DE DESISTIR... (e outras desistências)

Estou cansado desse amor barato!
Com sabor de guarda-chuva molhado,
Com efeito de paralisia infantil,
Com gosto amargo, de chimarrão lavado em boca senil...

Saco-cheio é pouco, estou é saturado!
Dessa falta de clareza, da carência de sentido.
Essa história, de não saber ao longe,
Se o coração partido vai um dia ser amado?

E tem mais um detalhe, dessa vez, é paradigma rompido.
Não importa o que se fale, é crise instituída.
É hora da ferida, que dói, e que se sente...
Consciência do presente é o absurdo que corrói!

O amanhã, não quero ter controle, não quero nem saber...
Não quero criança com fome, não quero mais sofrer!
Por isso, desisto do amor, desisto, de desistir...
do amor, pois ele é tudo que sinto, que enclausura minha dor...

Jayme Camargo (2003)

sábado, 28 de junho de 2008

Meu coração quase me sufoca

Meu coração quase me sufoca
Sinto falta de ar
Quando sentindo, imagino
O amar.


há mar?

Tornamos

(à)

amar.

Se de um “amar”
Re – tornamos
Ou seja,
Voltamos a passar
Pelos mesmos (a)mares

Amar a quem?

A este “amares”?!

Quais mares,
nos conduzem pelos ares?

Ou diria marés...

Onde

Amar és... poesia.
É maresia...

É “res” imaginária

Imaginar é

(poder) conceber

o Ser (-aí)

ao contrário

imaginar é, assim,
ser ao contrário

é Ser marginal.
o poeta está sempre

à margem...


a margem do Real.

(JAYME CAMARGO DA SILVA - junho 2008)

sábado, 14 de junho de 2008

nunca tive lugar...


Nunca tive lugar.

Sempre me senti um fora-de-lugar.

Talvez por trazer na essência a história de minha existência.

Todos temos marcas.

Nossas tatuagens são nossa primeira pele embora não a enxergamos.

Cada vez enxergamos menos uns aos outros.

A janela da alma está cega.

Cegonha que não chega – ninguém nasce mais.

Somos consumidores da vida.

Consumo e dores.

De consumidores da vida a vida de consumidores.

Dores.

Não há cura em lojas de conveniência.

O racionalismo sacrifica em massa.

Pessoas que não comem nada.

Massa que sobra e vai pro lixo em guetos e restaurantes.

Luxo que sobra e vai todo à mesa de madames.

Damas da ilusão.

Lixo e luxo se confundem para sua desilusão.

É o preço da vida de plástico – de toda lógica-da- dominação.

Jayme Camargo/2007